Viajante ou Turista?

by • February 15, 2008 • Geral, iniciantesComments (0)3219

Pegue a diferença no Dicionário Aurélio… Não há, ou é obscura… Mas há uma diferença, e forte. O assunto é mais extenso do que se pode imaginar, inúmeros estudos já foram feitos a esse respeito.
Ele percorre a Semiótica, a Filosofia, Ciências Sociais…

Para não entrar nesses meandros que nenhum viajante ou turista gosta, deixo para ilustrar um trecho do blog de Ricardo Freire – 07/09/2007 no site ViajeMais (Revista Viagem e Turismo, Ed. Abril):
Tudo se resumiria a saber viajar. Quem planeja suas viagens, vai a lugares inusitados com as próprias pernas e fica mais tempo seria um viajante; quem não tem idéias próprias, deixa-se levar aos lugares aonde todo mundo vai e faz tudo correndo seria um turista.
Quanta bobagem.

O termo viajante é rondado de glórias, aventuras, histórias. Turista é aquele pé-rapado que, por acaso, foi viajar. Há uma nuvem pairando na idéia de viajante, quase um ser mitológico.
Muitos estudos realçam o “modo de fazer”, como se a diferença estivesse numa receita. Qualquer um sabe. porém, que não é a receita que faz do cozinheiro um Sous Chef. Talvez, nem em cozinheiro.
[Parece-me que o turismo ou viagem envolvem o mesmo sem-número de percalços e preparos necessários].

Discordando da corrente comum de “modo de fazer”, a diferença, parece-me, é a filosofia de cada pessoa. Quando a pessoa passa a pensar na viagem como um modo de vida, quando seus anseios se viram para o resto do mundo, aí temos um viajante. Se para um turista a viagem é maravilhosa, para o viajante ela é apoteótica. Um frenesi que lhe percorre as veias. Um estupor ao desbravar terras desconhecidas.

Pouco importa. Sendo viajante ou turismo, o importante mesmo é conhecer novos mundos. Viajar é ter a mente aberta. Entender e respeitar outras culturas, para poder apreciar a sua própria. Transformar um pouco o sofrido cotidiano, mas apreciar as boas coisas que nos oferecem. Viajar é uma lição de vida.

Matéria do Jornal Estado de São Paulo
Publicado em 15 de fevereiro de 2008, caderno Viagem, pag. 2.
::Link::::Texto Online

A diferença entre turistas e viajantes
Mr. Miles: nunca entendi muito bem a diferença entre turismo e viagem. São dois termos muito empregados. Será que eles não significam exatamente a mesma coisa?
Clóvis Ortiz Machado, por e-mail


$%$%$%$%Well, my friend, desde que viajar tornou-se uma atividade economicamente organizada, delineou-se uma diferença filosófica entre o ato de ser turista e o ato de ser viajante. O turista, as you know, é o cidadão (ou a cidadã) que viaja – e neste sentido é (why not?) um viajante – com a finalidade de lazer ou entretenimento. Costuma fazê-lo nos intervalos do que chama de sua atividade principal e, unfortunately, em função desta prioridade, poucas vezes tem tempo de viajar convenientemente preparado. Eis porque, in most of cases, delega a organização de sua viagem a empresas especializadas, deixa-se conduzir por guias, come nos restaurantes aos quais é levado e fotografa muito para poder ver, later, os detalhes que não lhe foram possíveis capturar in loco.

Ao contrário do viajante, my friend, o turista costuma ser veloz e gregário. Sua relação com o que conhece é fugaz. Como um jovem enamorado, é capaz de roubar um beijo, mas não terá tempo de apaixonar-se ou arrepender-se do que fez. Guarda impressões, mas não leva marcas. Vê, mas não tem a chance de enxergar.

Essas características, however, não o desmerecem. Turistas, fellow, podem ser pessoas malvestidas (nunca lhes é possível organizar uma bagagem conveniente), mas jamais são infelizes.

By the way, é dos turistas, em geral, que nascem os viajantes. Se a maioria deles retorna, ano a ano, ao seu mister com algumas histórias para contar aos amigos e um novo retrato na parede, há os que, nessas jornadas turísticas, deixam-se inocular pelo vírus da descoberta. Não há, I$%$%$%$%m afraid, qualquer tipo de vacina que iniba essa afecção.

Os primeiros sintomas, catalogados por Sir Henry Stepleton O$%$%$%$%Leary Ferguson III em seu célebre Das Compulsões Viajoras e Outras Obsessões Benignas é uma irresistível nostalgia daquilo que o paciente sequer conhece. Quase sempre acomete turistas, mas há registros de sintomas semelhantes em cidadãos que sequer saíram de suas cidades. Os enfermos sentem-se projetados em lugares sobre os quais apenas leram, sonham com eles (sometimes even awake) e, em alguns casos, desenvolvem estados febris. A única terapia é a viagem: em 99% dos pacientes avaliados por Sir Henry, os sintomas desapareceram quando lhes foi dado desembarcar em algum lugar do mundo, inspirar novos ares, com a devida liberdade para flanar, perder-se e se espantar.

$%$%$%$%A realização de um viajante$%$%$%$% – descreve o cientista de maneira um tanto crua – $%$%$%$%é como a libertação de um abscesso. A dor se vai, a inflamação cede e a vida ganha novo sentido.$%$%$%$% As you see, a julgar por ele, o viajante é um turista doente. E eu ouso aduzir: da mais adorável das moléstias.$%$%$%$%

:::Links:::

  • Outro Texto de MARIVALDA GUIMARÃES SOUSA
  • Do genial site O Viajante
  • A origem dos termos viajante, viagem, turismo, turista, uma visão em Ciências Sociais publicado em Novos Cadernos NAEA de Silvio Lima Figueiredo
  • Print Friendly, PDF & Email
    Pin It

    Related Posts

    Leave a Reply

    Your email address will not be published. Required fields are marked *

    Kyplex Cloud Security Seal - Click for Verification